Ex-diretora de presídio teve romance com detento e envolvimento com facções na Bahia, diz investigação

  • 03/07/2025
(Foto: Reprodução)
Joneuma Silva Neres, de 33 anos, é acusada de facilitar a fuga de 16 presos da unidade prisional, em Eunápolis, no extremo sul do estado, em dezembro do ano passado. Ela tinha nove meses no cargo. Dezoito pessoas são indiciadas pela fuga de detentos do Conjunto Penal de Eunápolis A ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, Joneuma Silva Neres, é acusada pelo Ministério Público do estado (MP-BA) de corrupção, envolvimento com facções criminosas e de ter se relacionado com um interno do presídio. As informações estão no processo ao qual a TV Bahia obteve acesso com exclusividade e detalhou no BATV desta quinta-feira (3), quase sete meses após a fuga em massa de 16 detentos da unidade prisional. A policial penal, de 33 anos, foi indiciada por facilitar a ação criminosa. A situação ocorreu em dezembro do ano passado e, até esta quinta-feira, nenhum dos homens foi recapturado. Apenas um deles foi encontrado, em janeiro deste ano, no entanto, resistiu e morreu em confronto com policiais civis. Além de Joneuma, outras 17 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do estado (MP-BA). Entre elas, Wellington Oliveira Sousa, ex-coordenador de segurança do presídio, cargo de confiança da ex-diretora. Os dois estão presos. Joneuma esteve à frente a unidade por nove meses e foi a primeira mulher a ocupar este tipo de cargo no estado. No entanto, apesar da representatividade, o que veio à tona após as prisões revela que o conjunto penal estava sob comando do crime organizado. O processo mostra que, desde que assumiu o cargo, em março de 2024, a gestora chamou a atenção das autoridades, especialmente pelas regalias dadas aos presos. Segundo informações presentes no documento, ela autorizou a entrada irregular de roupas, freezers, ventiladores e sanduicheiras. Ex-diretora de presídio é presa suspeita de facilitar fuga de 16 detentos na Bahia Arquivo Pessoal O ex-coordenador de segurança da unidade foi uma das pessoas que revelaram as irregularidades. Em um dos depoimentos, Wellington contou que Joneuma atendia a diversas exigências feitas, principalmente, por Ednaldo Pereira de Souza, o Dadá, um dos fugitivos. O homem apontado pela polícia como chefe de uma facção de Eunápolis, que é ligada a outro grupo criminoso do Rio de Janeiro (RJ). Ele estava preso na unidade penal até o dia 12 de dezembro, quando aconteceu a fuga em massa. Entre as regalias apontadas no depoimento, está o acesso de visitas. Wellington disse que a esposa de Dadá "passou a ingressar no conjunto penal, sem qualquer inspeção, mediante autorização da diretora". Outros relatos indicaram ainda que Joneuma e Dadá viveram um relacionamento amoroso, com relações sexuais, dentro do presídio. Esse detalhe não foi relatado pelo ex-coordenador de segurança da unidade prisional, mas Wellington mencionou que Joneuma e Dadá tinham "encontros frequentes, que ocorriam na sala de videoconferências, sempre a sós, com uma folha de papel ofício obstruindo a visibilidade da porta pela abertura de vidro". O homem disse também que "as reuniões eram sigilosas e geravam estranheza entre os funcionários devido à regularidade e longa duração". Wellington Oliveira Sousa, ex-coordenador de segurança do Conjunto Penal de Eunápolis Reprodução/TV Bahia Quando foi presa, no dia 24 de janeiro deste ano, Joneuma estava grávida. O bebê nasceu prematuro e segue com ela na cela, no Conjunto Penal de Itabuna, no sul do estado. Em entrevista à TV Bahia, Jocelma Neres, irmã e advogada de Joneuma, nega a existência de um caso entre ela e Dadá. "A gente não sabe quem foi que articulou tudo isso, mas ela está sofrendo as consequências de um crime que não cometeu. Ela nunca teve nenhum relacionamento com essa pessoa", afirmou. A advogada também destaca a preocupação com o fato de o sobrinho ainda estar no presídio com a mãe. "O presídio não é ambiente para uma criança recém-nascida e a família está desesperada, sem ter o que fazer. A gente não tem condições de estar lá com ela, pelo fato de ser uma cidade longe, e não ter recursos financeiros para estar lá", desabafou. Já o advogado Artur Nunes, que também representa Joneuma, explicou por que alguns benefícios eram concedidos aos detentos. "Dentro de uma unidade prisional, a gente entende, vive muito de negociação, no sentido de manter, ao máximo, a ordem da unidade prisional, evitar problemas, [evitar] que conflitos entre eles ocorram", disse. Paternidade contestada Dadá e Uldurico Júnior Reprodução/TV Bahia Em abril deste ano, Joneuma Silva Neres protocolou um pedido judicial de auxílio financeiro para cobrir gastos com a gravidez contra o ex-deputado federal Uldurico Alencar Pinto. Ela alega que ele seria o pai da criança. Conhecido como Uldurico Júnior, ele foi candidato à Prefeitura de Teixeira de Freitas em 2024 e seria padrinho político da ex-diretora. Informações do processo, obtidas com exclusividade pela TV Bahia, apontam que Uldurico foi visto muitas vezes visitando os presos em Eunápolis. Um policial penal, que não teve o nome divulgado, disse em depoimento "ter conhecimento de que políticos ingressaram no conjunto penal, sem revista, inspeção ou cadastro prévio de visitantes", e citou o ex-deputado. O policial penal afirmou também que, sempre que o político chegava ao presídio, ele se retirava da unidade por considerar o ambiente sensível, e por não concordar com a ida do político nas condições descritas. O homem disse também "ter recebido informações de que Uldurico Pinto mantinha contato com presos que exerciam liderança dentro de facções criminosas durante suas visitas", incluindo Dadá. Em contato com a produção da reportagem, Uldurico Junior afirmou que não responde a nenhuma acusação e que tem pressa para fazer o teste de DNA. Denúncia contra envolvidos Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia Taísa Moura/TV Santa Cruz O MP-BA ofereceu denúncia contra os indiciados em março deste ano. Além de Joneuma, Wellington e Dadá, estão os outros fugitivos. Segundo detalham os depoimentos, antes de fugirem, os detentos, que eram aliados de Dadá, foram colocados na mesma cela, de número 44. Eles tiveram acesso a uma furadeira e abriram um buraco no teto da unidade, no dia 29 de novembro. O barulho não passou despercebido por agentes penais, mas a diretora só teria tomado uma atitude dois dias depois. Foi neste momento que, segundo o ex-coordenador de segurança da unidade, ele recebeu ordem de Joneuma para buscar a ferramenta na cela, juntamente com a equipe. Os agentes retiraram os presos e, em uma inspeção superficial, encontraram a ferramenta, que, conforme pontuou Wellington, foi mantida pela ex-diretora penal na sala dela por alguns dias. Somente pouco antes da fuga, ela pediu que o subordinado levasse o objeto para a casa dela. Atualmente, Wellington está preso no Conjunto Penal de Teixeira de Freitas. Em contato com a reportagem da TV Bahia, a defesa dele informou que não iria se posicionar nesse momento. A reportagem também tentou, mas não conseguiu contato com as defesas dos outros citados. Entenda a fuga Câmeras registram fuga de 16 detentos de presídio na Bahia O Conjunto Penal de Eunápolis fica em uma área afastada do centro da cidade, no bairro Juca Rosa. A fuga contou com quatro veículos do tipo SUV e oito homens portando armas de grosso calibre. Um dos envolvidos, identificado como Vagno Oliveira Batista, foi preso em fevereiro deste ano, portando uma pistola. Segundo as investigações, ele era responsável por cuidar do armamento da facção. Em depoimento, o suspeito disse que, depois da fuga, foi até a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, onde encontrou com Dadá e outros cinco fugitivos. Segundo depoimentos, antes de ser presa, Joneuma Silva Neres também planejava fugir para a capital carioca e se encontrar com o líder da quadrilha. Conforme apontam as investigações, a ex-diretora teria recebido R$ 1,5 milhão da facção criminosa. A defesa dela nega. "Em nenhum momento, ela recebeu qualquer tipo de valor. Foi requerida pela Polícia Civil a quebra do sigilo bancário dela. No momento que eles quiserem, eles têm acesso", disse o advogado Artur Nunes. O que diz a Seap Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado (Seap) disse que jamais compactuou com qualquer privilégio concedido a internos custodiados no sistema prisional baiano. A pasta pontuou ainda que participou ativamente com a Polícia Civil (PC) nas investigações e colaborou de forma irrestrita com a Justiça para punir todas as transgressões ocorridas no Conjunto Penal de Eunápolis. Desde o final de maio, agentes da Força Penal Nacional estão operando no presídio. A decisão foi tomada depois do atentado que teria como alvo o novo diretor Jorge Magno Alves, no dia 20 de maio. O homem endureceu as regras na unidade. Ele escapou do ataque, porém um servidor ficou gravemente ferido. RELEMBRE: HISTÓRICO: pelo menos 32 detentos fugiram de presídios na BA nos últimos 2 anos VÍDEO: veja o momento em que 16 detentos fogem de presídio na Bahia Advogado é preso por envolvimento na fuga de 16 detentos e no atentado contra diretor de conjunto penal na Bahia Mapa mostra onde foi a fuga de detentos no Sul da Bahia Arte g1 Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

FONTE: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2025/07/03/processo-aponta-denuncias-contra-ex-diretora-de-presidio-na-bahia.ghtml


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